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FESTAS POPULARES

O Ciclo Natalino

Como ocorre em todo o Brasil, o Natal no Estado do Rio de Janeiro suscita uma série de práticas, religiosas e profanas, públicas e privadas, inspiradas no fato bíblico do nascimento do Menino Deus.

O Ciclo Natalino, que se estende de 24 de dezembro a 20 de janeiro, por assimilação das práticas devidas a São Sebastião, tem início com a Missa do Galo, celebrada nas igrejas católicas com grande participação dos fiéis. Persiste o costume de se armar presépios nas casas, nas igrejas e nas praças públicas.

A data da passagem do ano - chamada de Ano Novo ou Ano-Bom - é significativa pelas formas de celebração que dominam os diferentes segmentos da sociedade fluminense. Merecem destaque as festividades em honra de lemanjá, promovidas por umbandistas nas praias do litoral fluminense com cânticos, danças e toques rítmicos, bem como a queima de fogos na Praia de Cobacabana.

Nas comemorações do Ciclo Natalino, segue-se o Dia dos Santos Reis, cultuado pelo calendário cristão. Além das homenagens especiais dos grupos de folias de reis, há hábitos tradicionais referentes a essa celebração. Assim é o da confecção do Bolo de Reis, que leva quatro prendas misturadas à massa comum: um anel, uma cruz, uma moeda e um dedal. Ao ser repartido, causa muita curiosidade descobrir as pessoas agraciadas com as prendas: o anel significa casamento; a cruz, convento; a moeda, dinheiro e o dedal, trabalho.

Há também, no Dia de Reis, a prática popular de se colocar na palma da mão esquerda três sementes de romã. Uma a uma devem ser mordidas levemente. Após cada mordida, recitar: "- Baltazar (para a 1ª semente) traz o meu dinheiro de volta". Nas sementes seguintes, substituir o nome Baltazar pelos dos reis Belchior e Gaspar. As três sementes devem ser guardadas, envoltas em papel, na carteira de dinheiro até o ano seguinte, quando deverão ser plantadas em jardim ou vaso de plantas, sendo substituídas por novas sementes, após o ritual descrito. Essa prática, acredita-se, garantirá dinheiro farto durante todo o ano que se inicia.

Por influência da devoção a São Sebastião, padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, o ciclo do Natal é prorrogado em todo o Estado até 20 de janeiro, dia a ele dedicado. Motivados por essa devoção, os numerosos grupos de folias de reis passam a sair, a partir do dia 7 de janeiro, com estampas e outros elementos ligados a São Sebastião incorporados à sua bandeira. Também os grupos de pastorinhas, outrora numerosos e hoje presente apenas no município de Santo Antônio de Pádua, prorrogam sua saída até 20 de janeiro.

A culinária do ciclo natalino engloba vários pratos herdados da tradição portuguesa. Dentre eles, a rabanada é dos mais tradicionais e festejados. Preparada previamente, é feita da seguinte forma: o pão do tipo francês - bisnaga sem o corte -, de preferência dormido, é cortado em fatias de uns dois centímetros aproximadamente, que são embebidas em leite açucarado ou vinho, passadas em ovo ligeiramente batido e fritas em óleo até dourar. A seguir são recobertas com açúcar misturado a canela em pó e servidas frias.

O Ciclo Natalino é comemorado em todo o Estado do Rio de Janeiro.

ANO NOVO

A passagem do ano, noite de 31 de dezembro para 1º de janeiro, inserida no Ciclo Natalino, é marcada por variadas comemorações. Denominado ANO NOVO ou ANO BOM, o acontecimento significa o renascer, a renovação da esperança de um ano feliz, simbolizado na troca de votos de "boas entradas e nos bons augúrios ao alvorecer de uma nova vida. Nos lares, nos clubes sociais e nas vias públicas, o romper do primeiro dia do ano é esperado em meio a grande alegria, entre cantos de "adeus ano velho", "feliz ano novo", brindes libatórios, acompanhados de saudações efusivas, danças, espocar de fogos e, característica muito fluminense, a soltura de balões comemorativos.

No Estado do Rio de Janeiro como em outras regiões brasileiras, perdura a crendice de que se deve usar uma roupa nova ou de que nova seja uma das peças do vestuário, na passagem do ano, para dar sorte. Mais recentemente, este hábito vem se transformando no uso de roupa de cor branca. Outras práticas supersticiosas aparecem como propiciadoras de sorte. Assim é a de subir num lugar mais alto, significando outro e novo tempo, e chupar doze uvas brancas, uma a cada badalada do relógio. Também é uso esperar o nascer do sol e, aos primeiros raios, abrir os braços em sua direção, deixando o corpo livre para receber os bons fluidos.

Associada aos festejos do Ano Novo, realiza-se importante manifestação popular, o culto negro-fetichista tributado a Iemanjá, divindade das religiões afro-brasileiras candomblé e umbanda. Considerada mãe de todos os orixás, Iemanjá simboliza a mãe e a mulher, representando a procriação, a gestação. Protege, castiga, defende, mata e às vezes se apaixona, levando os amantes para o fundo do mar, seu "habitat". Na umbanda fluminense suas cores são o azul e o branco, sendo sábado o dia a ela consagrado. Sincretizada com Nossa Senhora da Glória, no Rio de Janeiro, e com outras invocações da Virgem Maria, Iemanjá, também conhecida como Janaína, Sereia, Rainha, Princesa do mar e outras designações, é festejada a 15 de agosto e também a 31 de dezembro; a 2 de fevereiro (junto com Oxum, orixá dos rios), por baianos residentes no Rio e participantes do candomblé.

Na passagem do Ano Novo, os grupos umbandistas realizam seus cultos à Rainha das Águas, espalhados por toda a orla marítima fluminense, especialmente na região do Grande Rio. Às praias acorrem milhares de pessoas e crentes misturam-se a curiosos de diferentes condições sociais, atraídos pela beleza visual do espetáculo de fé popular. Os umbandistas, com trajes ritualísticos de orixás, babalorixás, mães-de-santo, filhos-de-santo e outros, se agrupam por terreiros, dispostos em círculo, às centenas, em toda a extensão das praias. Milhares de velas ardem sobre a areia em escavações preparadas para protegerem a chama dos ventos. São espalhados, em profusão, ramalhetes de flores alvas sobre a areia e, ainda, lançados às águas do mar como oferta a Iemanjá. Barquinhos ricamente ornamentados com flores e cheios de presentes – espelhos, frascos de perfume, fitas, rendas, caixinhas de pó-de-arroz e até jóias – são lançados ao mar como ato votivo e propiciatório a Iemanjá, a Sereia-Rainha dos mares e das águas. Ali na praia se realizam os rituais, com os grupos entoando "pontos" diversos acompanhados de palmas e danças, de maneira própria a invocar seus orixás e entidades, ao som dos atabaques e agogôs. Os pais-de-santo atendem aos devotos em consultas individuais realizadas diante da assistência ou apenas abençoam e dão passes aos que se aproximam.

Atualmente a realização de shows musicais de astros internacionais e nacionais nas praias da zona sul do Rio de Janeiro, principalmente Copacabana, tornou impraticável a realização do belo ritual em homenagem a Iemanjá na passagem do ano. A partir do ano de 2005, este ritual passa a ser realizado no dia 29 de dezembro.

CARNAVAL

Tida como uma das mais importantes festas populares, o carnaval chegou ao Brasil pelos portos do Rio de Janeiro, trazido pelos primeiros colonizadores.

Aqui incorporou outras influências, adquirindo cores e matizes especiais, transformando-se no carnaval verdadeiramente brasileiros. O entrudo lusitano, segundo alguns autores, desenvolveu-se muito com a participação do negro escravo, assumindo até formas elaboradas com o mesmo intuito de molhar, sujar, perseguir os transeuntes. Baldes d'água, limões de cheiro, seringas d'água, presentes nas primeiras décadas do século XX, desapareceram das ruas cariocas com o passar dos anos, cedendo lugar a outras formas de celebração, impregnadas do mesmo espírito brincalhão e cético, característico desse período festivo.

Tomando-se as diferentes formas de celebração dessa data, verificam-se diferenças entre o carnaval da grande cidade e aquele dos municípios interioranos. O primeiro apresenta também diversificações a partir da localização: na zona urbana central encontramos ranchos e blocos, ficando porém o destaque com as escolas de samba, enquanto nos bairros, subúrbios e zona rural prevalece a brincadeira dos foliões atrás das Bandas, que se multiplicaram por toda a cidade após a criação da Banda de Ipanema. As escolas de samba cariocas, modelos que se espalharam pelo Brasil inteiro, sofreram influência direta dos órgãos públicos ligados ao turismo, perdendo por isso grande parte dos seus conteúdos folclóricos. Ainda na zona urbana, como a afirmar a convergência da cultura de outros Estados brasileiros para o Rio de Janeiro, observa-se a presença de um grupo de afoxé, vivido e organizado por baianos aqui radicados desde 1951. Chamados Filhos de Gandhi, o grupo é estruturado nos moldes dos afoxés de Salvador, de onde procedem os seus fundadores.

Nos subúrbios e na zona rural, o carnaval revela inúmeros aspectos da inventiva popular, percebida através do Clóvis, dos blocos de sujos, de mascarados, de travestidos (o famoso bloco das piranhas), dos bailes de rua, dos foliões solitários que desfilam nas ruas. Os Clóvis são mascarados que andam solitários ou em bandos, usando amplos macacões de cetim multicor e capa bordada com motivos diversos. São conhecidos também com o nome de bate-bola, por trazerem nas mãos bexigas de boi que eram recolhidas no matadouro local e depois de limpas e secas eram infladas para serem batidas no chão com força total, produzindo um barulho característico. Atualmente, essas bolas são de plástico colorido e encontrados no comércio. Na versão dos moradores de Santa Cruz, bairro da zona oeste, onde é grande a incidência dos Clóvis, sua origem prende-se à construção do hangar do zepelim, na década de trinta do século passado, quando alguns alemães estiveram no local. Contam que durante o carnaval, esses alemães fantasiaram-se de palhaços, a que chamavam, em inglês, "clowns", termo que teria gerado, por corruptela, o outro, clóvis. Os blocos de sujos e os de mascarados, bem como os de travestidos (homens vestidos de mulher) são integrados por pessoas que usam variados disfarces e gostam de glosar os moradores com brincadeiras.

Nos subúrbios observam-se ainda os bailes de rua, em praças ou largos, animados por conjunto musical contratado pelo poder público. Nos municípios interioranos as escolas de samba são uma constante. Programadas nos moldes cariocas tentam uma semelhança com estas nos enredos, nas fantasias, na estruturação do desfile, nos nomes que adotam. A originalidade corre por conta dos sambas, compostos por músicos locais que costumam inspirar-se em fatos também locais. Essas escolas de samba coexistem com bloco e grupos folclóricos tradicionais na região fluminense.

Dentre os principais grupos folclóricos destaca-se o boi pintadinho, que brinca acompanhando-se da mulinha, do Jaraguá, do toureiro, de Pai João e Mãe Maria, de caretões. Esse folguedo costuma fazer parte dos desfiles de carnaval, abrindo o imenso cortejo integrado por escolas de samba e blocos. Outro grupo folclórico tradicional, encontrado no norte e noroeste fluminense, é o mineiro-pau com os participantes desenvolvendo intrincada coreografia, fundamentada em batidas de bastões de madeira que os dançadores trazem à mão. No interior observa-se ainda grande variedade de blocos com as mais diversas motivações. O Bloco Unidos do Veloso, de Bom Jardim, sempre se inspira em acontecimentos políticos e a ele se junta o Bloco das Piranhas e todas as pessoas que se mascaram e fantasiam. Em Santa Maria Madalena, no Bloco do Caixão, os componentes vestem-se de preto, carregam um caixão, velas acesas, tendo como figuras principais o "morto" (que de vez em quando se levanta e samba pra valer), o padre e a viúva. No Bloco Vão, Vomita e Volta, os componentes desfilam empurrando um carrinho de mão com uma vasilha de sopa imitando vômito. Em Italva, o Bloco Canta Figueira tem como símbolo uma árvore onde os frutos são pandeiros. O Bloco As que bebem estão chegando, de Cantagalo, é formado só por mulheres. Além desses, existe ainda grande variedade de blocos, cujas denominações sugerem temas que os inspiram. Eis alguns deles: Liberou geral, O Homem da Caverna, da Múmia, do Carvão (Mangaratiba); Bloco do Feijão, do Carqueja, Bloco Passando o Rodo, Se você não quer me dar, me empresta (Arraial do Cabo);Bloco Bebe Rindo, do Sopão (Teresópolis); Os que bebem não vieram, Filhos do Álcool (Cantagalo); Cabelo na Barata, Turma dos Fanáticos; Grito Falante, Saideira (Vassouras); Bloco da Barata, do Arrastão, Império das Ostras, Corujão (Rio das Ostras).

Corpus Christi

Celebração da Igreja Católica que ocorre na segunda quinta-feira após o Domingo de Pentecostes (Divino Espírito Santo), a procissão de Corpus Christi – Corpo de Deus – teve no Papa Urbano IV um grande incentivador. Seu propósito inicial era propagar a Jesus Cristo através da Eucaristia e pedir perdão a Deus pelos hereges que negavam o milagre da hóstia sagrada. "Em Portugal (as celebrações) datam do século XIII (Teófilo Braga) com o máximo esplendor de tropas, fidalgos, cavaleiros, andores, danças, cantos" (Cascudo, 1979).

O primeiro relato que tem no Brasil consta de uma carta de 9 de agosto de 1549, em que o Padre Manoel da Nóbrega, da Bahia, informava: "Outra procissão se fez dia de Corpus Christi, mui solene, em que jogou toda artilharia que estava na cerca, as ruas muito enramadas, houve danças e invenções à maneira de Portugal".

Na Cidade do Rio de Janeiro, a primeira procissão foi realizada em 16 de junho de 1808 e teve como seu mais ilustre acompanhante o então Regente, Príncipe D. João, seguido de toda a Corte. Esse costume não demorou a se estender por toda a Colônia, com procissões em que a hóstia consagrada era levada sob o pálio e este carregado por membros das irmandades religiosas e pelas autoridades. Em inúmeras cidades a população colocava nas janelas talhas brancas de linho ou renda e ornamentava as ruas com plantas e flores, como até hoje se faz.

No Estado do Rio de Janeiro, muitas cidades continuam com a tradição de preparar tapetes de rua por onde passará a procissão de Corpus Christi. O material empregado depende dos recursos naturais de cada região: areia e sal grosso nas cidades do litoral salineiro; borra de café, serragem, terra colorida, vidro picado, casca de ovo triturada, folhas e pétalas de flores nas cidades do interior. A comunidade local, geralmente, se encarrega da criação dos motivos usados, quase sempre temas religiosos. Ultimamente muitos aproveitam para também transmitir mensagens sociais, ecológicas, educacionais. Adultos e crianças participam da confecção dos tapetes. O desenho é riscado a giz no chão ou então é feito em papel e colado. A seguir, os espaços são cobertos com as cores escolhidas. Tapete pronto, sobre ele vão passar os anjinhos, o sacristão carregando o turíbulo, o padre, sob o pálio, levando o ostensório com a hóstia consagrada e os demais participantes. Terminada a procissão, alguns fiéis costumam recolher e guardar lembranças do tapete (um punhado de sal grosso, plantas, pétalas de flores) na crença de quem, impregnadas do espírito cristão, tragam benefício às suas famílias.

FESTA DA PENHA

Origem da devoção a Nossa Senhora da Penha

Alguns estudiosos indicam o sul da França como o local de sua irradiação, outros afirmam que essa devoção nasceu em Salamanca, na Espanha. O que a Irmandade informa a respeito é também versão dominante em Portugal:

" Antônio Simões, escultor, vendo que o exército de el-rei D. Sebastião, de Portugal, do qual fazia parte, seria derrotado em Alcácer-Quibir (1578), prometeu, se salvo chegasse a Lisboa, fazer sete imagens e a todas dar destino e invocações diferentes. Quando esculpia a sétima imagem, encontrou-se casualmente com Frei Inácio Martins, que sugeriu-lhe a designação de Nossa Senhora da Penha de França, santa da devoção do religioso e por ele acabada de visitar nos subúrbios de Salamanca, numa gruta natural da Serra de Castela. Essa imagem fora descoberta naquele local em 1434 pelo francês Simon Vela, levado até ali pela revelação recebida de Nossa Senhora, em França".

O mês de outubro contempla e é contemplado por uma comemoração das mais tradicionais da Cidade do Rio de Janeiro. Misto de contrição religiosa e festividade laica, a Festa da Penha afirma-se como um dos pontos altos da expressiva aclamação popular.

Elegante santuário situado no cimo de um outeiro de pedra, a Igreja da Penha, que empresta seu nome ao bairro homônimo, situado na Zona Norte, teve sua primeira edificação em 1635. Era de aspecto rústico e compunha-se de uma reduzida capela-mor em semicírculo, medindo cinco metros de comprimento por três de largura. A que de deve a construção dessa antiga capela no alto de um outeiro de difícil acesso e subida íngreme? Há uma lenda, que se desmembrou em muitas outras pela transmissão oral, dando-nos conta de que um caçador (provavelmente o Capitão Baltazar de Abreu Cardoso, proprietário de uma Quinta, dentro da qual se achava o penhasco), em incursão pelas matas que circundavam o rochedo, defrontou-se com uma enorme cobra. Lívido de pavor, invocou a santa de sua devoção: Valha-me Nossa Senhora da Penha! Imediatamente surgiu um grande lagarto que se atirou sobre o réptil e, açotando-o com a cauda, o afugentou. Reconhecendo no fato uma intervenção miraculosa, ali mesmo o caçador fez a promessa de erguer, no alto do rochedo, uma capela em homenagem a Nossa Senhora da Penha. Esse fato-lenda explica a figura que se vê no principal altar do templo: a santa entre nuvens tendo a seus pés um homem ajoelhado e, em plano inferior, um lagarto e uma cobra. Com os passar dos anos, os devotos e com eles as dádivas, devoções e hinos de graça multiplicaram-se. Por isso, em 1728 – ano da primeira Festa da Penha- foi promovido o alargamento do templo e abertos na rocha viva os degraus que levam à igreja. Até então, a escalada era feita, com grande risco, pela encosta de pedra lisa e escorregadia. Essa escada media a metade da atual, que tem 365 degraus e que existe desde 1913, quando a igreja passou por nova remodelação.

O santuário que todo o bairro contempla e que pode ser visto, majestoso, da ponte Rio-Niterói, foi erguido em 1871 atendendo à necessidade de acomodar mais fiéis durante a celebração dos ofícios religiosos. O interior do templo é simples. No altar situado na capela-mor está entronizada a imagem da santa, circundada por anjos. Aos lados do altar vêem-se São José e São Joaquim, respectivamente esposo e pai da Virgem Maria. Ao centro, Santa Ana em companhia de sua filha, Nossa Senhora Menina. Nos fundos da igreja, encontra-se a sacristia onde está armado o primitivo altar no qual se acha exposta a imagem de Nossa Senhora do Rosário. A devoção a Nossa Senhora da Penha existe em quase todo o Brasil, havendo igrejas sob sua invocação nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão, Pernambuco, Mato Grosso e Espírito Santo. Todos os anos, durante o mês de outubro em terras cariocas, são esperados milhares de romeiros, não só do Rio de Janeiro, mas também de cidades próximas e longínquas, para os festejos e pagamentos de promessas. A forma mais comum para o pagamento de promessas consiste em subir, de joelhos, os 365 degraus da escadaria que dá acesso à igreja. Para atender aos romeiros que, por velhice ou doença, não podem subir a escadaria, foi construída a Capela do Sagrado Coração de Jesus (1925), onde eles podem cumprir os seus votos. A organização da Festa da Penha, quanto às celebrações religiosas, fica a cargo de uma comissão composta por membros da Irmandade da Penha. Paralelamente, são apresentadas atrações profanas com conjuntos de samba e chorinho e, até há bem pouco tempo, grupos de danças locais (quadrilhas) e de municípios interioranos (caxambu, mineiro-pau).

FESTA DE SANTO AMARO

No mês de janeiro, época que marca o término da safra e o início da plantação da cana-de-açúcar, realiza-se em Santo Amaro, distrito de Campos dos Goytacazes, uma tradicional festa em homenagem ao santo padroeiro. Em muitos aspectos semelhantes às festas de padroeiro do interior fluminense, ela tem a peculiaridade de apresentar, como parte da programação, um torneiro de cavalhadas, que revive a cada ano uma antiga tradição local. A festa culmina no dia 15, dia de Santo Amaro, e congrega em torno da devoção ao Santo os moradores do povoado e das localidades vizinhas, muitos dos quais comprometidos como pagamento de promessa por graças recebidas.

A IGREJA

A igreja de Santo Amaro centraliza as atividades. É uma das mais antigas da região e se originou de uma capela construída no início do século XVIII, em torno da qual se desenvolveu o povoado. Este é o registro histórico, mas uma lenda que circula entre os moradores estabelece vinculações mais profundas entre o Santo, sua igreja e o povo devoto:

"... os padres beneditinos haviam trazido uma imagem de Santo Amaro do Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro, para a subsede de Campos dos Goytacazes. Certo dia, eles procuraram a imagem e não a encontraram. Após muitas buscas foram localizá-la num pequeno elevado, onde hoje está construída a Igreja do Santo. Recolheram a imagem para o Mosteiro e o fato é repetido por algumas vezes mais. Desta insistência admitiram os padres e os moradores que o Santo quereria Ter sua igreja naquele local. Aí construíra, sob os auspícios dos moradores, uma capela, tendo início ou estimulando a criação do povoado. Decorre desta época a crença na mensag

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