Governo do Estado do Rio de Janeiro
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Patrimônio Cultural
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Patrimônio Imaterial / Calendário

Dança / Música / Folguedos

A manifestação folclórica no Estado do Rio de Janeiro não constitui um universo à parte, uma totalidade independente dos demais Estados Brasileiros. Nas nossas folias-de-reis, por exemplo, reconhece-se o parentesco próximo com os folguedos da grande família dos reisados, que vivem em outras regiões do país. O nosso boi-pintadinho é uma das variedades do folguedo do boi, bastante difundido em todo o Brasil. Além disso, as linhas que delimitam as áreas culturais não coincidem com os limites políticos entre os Estados. E é assim que a folia-de-reis, o mineiro-pau, o jongo, o caxambu desconhecem, ao norte, as fronteiras fluminenses e vão compor o quadro das manifestações folclóricas de Minas Gerais e Espírito Santo. O Estado do Rio, por outro lado, é um dois principais centros de convergência das migrações internas do país e para aqui se transladam tradições que, às vezes, sobrevivem apenas em grupos restritos, mas que, outras vezes, chegam a infiltrar-se mais profundamente nos hábitos da comunidade local, que delas participa, adaptando-as ao novo contexto. As danças e folguedos são atividades basicamente lúdicas e se prestam, em alguns casos, à manifestação da religiosidade popular. Distinguem-se por faltar as primeiras o elemento dramático e a estrutura bem definida, manifestada na hierarquia interna e na distinção nítida entre as funções dos participantes. Algumas vezes vinculam-se aos ciclos de Natal e Reis, ao Carnaval e ao Ciclo Junino. Manifestam-se, outras vezes, nas festas locais de padroeiros, em comemorações diversas, ou então em dias comuns, sem nenhuma motivação especial que não seja a vontade de brincar e dançar. Em ambos os casos, surgem como manifestação espontânea do grupo em sua intimidade, com profundo respeito às tradições, passadas oralmente de geração a geração e só inconscientemente alteradas. Não têm caráter de espetáculo, que só passam a adquirir quando despojadas de sua função primeira e por isso mesmo empobrecidas, esvaziadas de seu sentido original.

AFOXÉ

Cortejo de rua que sai durante o carnaval. Acompanha-se de cantos e de instrumental de percussão, incluindo atabaques, agogôs e cabaças. Suas cores e símbolos possuem significados específicos relacionados com preceitos religiosos ligados ao culto dos orixás, motivo primeiro da existência e realização dos cortejos. O grupo aqui presente é originário da Bahia, local de vigência dessa manifestação afro-brasileira.

BOI-PINTADINHO

O Folguedo do Boi, presente em todas as regiões brasileiras, tem maior ou menor força na proporção em que incorpora o boi na sua estrutura sócio-econômica. No Estado do Rio de Janeiro, a temática central apresenta versões próprias influenciadas sempre pela predominância de elementos culturais específicos da região e o folguedo tem nomenclaturas diversas entre as quais "Boi Pintadinho", "Boi Ramaiete", "Boi Coração", "Boi Estrela" e outros. Apresenta-se com maior freqüência no carnaval, formando um grupo ou bloco onde, além da figura central, o Boi, aparecem bonecões de até dois metros de altura (Tizana, Dendeca, Marilu), animais que fazem parte da vivência (burrinha, mulinha, urubu, gavião) e outros surgidos da imaginação, como o Jaraguá que tem "corpo de gente e cabeça de animá". O conjunto musical que acompanha o grupo é constituído por sanfonas, pandeiro, bumbo, chocalho, caixa e triângulo. O grupo folga alegremente e dança,, acompanhando o Boi, que simula marradas nos brincantes e assistentes enquanto percorre as ruas e praças interioranas, encantando e assustando as crianças e enchendo de alegria e animação a vida pacata dos lugarejos. Alguns grupos são integrados por dançadores do Mineiro-pau, que executam coreografia específica enquanto os personagens do Boi desenvolvem uma encenação mímica, sem enredo ou dramatização verbal. Em terras fluminenses, o Norte e o Noroeste são as regiões de maior concentração e atuação dessa variante do Bumba-meu-boi.

CANA- VERDE

Dança popular em vários estados brasileiros, no Estado do Rio a cana-verde apresenta duas variáveis: faz parte de baile popular, Ciranda fluminense, e é também dança autônoma. Neste caso, o grupo surge no carnaval desfilando pelas ruas, praças e largos. À semelhança do Mineiro-Pau, cada dançador traz um bastão de madeira e com ele realiza a marcação dos tempos musicais. Sanfona, pandeiro e tambor completam o conjunto acompanhando a música da letra tradicional ou improvisada.

CAPOEIRA

Dança com características de jogo atlético, a Capoeira foi introduzida no Brasil pelos escravos africanos. É sempre acompanhada pelos toques do berimbau. Na sua execução forma-se uma roda, um círculo de pessoas que delimita o campo onde a dança se desenvolve. Nos golpes de Capoeira utilizam-se os pés, funcionando as mãos como apoio a todos os movimentos do corpo. Sua presença no Rio de Janeiro deve-se à migração baiana acontecida com mais freqüência na década de cinqüenta. Atualmente, levada por mestres brasileiros, a capoeira, é praticada nos Estados Unidos, Alemanha, França e outros países que se renderam aos encantos da plasticidade em forma de dança, jogo e luta simulada.

CAVALHADA

As Cavalhadas são folguedos populares de origem ibérica que remontam à Idade Média. Em torneios eqüestres, cavaleiros representando mouros e cristãos simulam as históricas lutas entre os soldados de Carlos Magno e os do Sultão de Constantinopla. No Brasil, as Cavalhadas são apresentadas desde o período colonial, havendo registros que remontam a 1685, quando duravam até três dias. No século XVIII foram apresentadas, na Bahia, por ocasião do casamento de D. Maria, Princesa do Brasil, com D. Pedro, infante de Portugal. São duas as formas de Cavalhadas encontradas no Brasil: uma, dramatizada, vigente nos Estados de Goiás (as famosas Cavalhadas de Pirenópolis), São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul. A segunda, na forma de jogos de destreza e sem dramatização, situa-se regionalmente no Nordeste e em território fluminense. No Estado do Rio de Janeiro, o único grupo em atividade atualmente, localiza-se em Campos dos Goytacazes. No distrito de Santo Amaro, todo dia 15 de janeiro, realiza-se a festa em homenagem ao padroeiro local – Santo Amaro – e o ponto alto dos festejos é a apresentação da Cavalhada, que atrai grande público, local e das regiões vizinhas. O grupo, formado por 24 cavaleiros – 12 de cada partido – apresenta-se no campo de futebol próximo à igreja de Santo Amaro. Os cavaleiros são divididos em dois partidos, o azul e o vermelho. Vestem calças brancas, botas pretas e túnicas e chapéus nas cores azul ou vermelha. Os cavalos recebem adereço (fitas, flores, mantos) nas mesmas cores. A apresentação dura em média duas horas e meia e é dividida em partes distintas denominadas "manobras", que são figurações e jogos de destreza, realizados com o auxílio de lanças e espadas. Pela ordem: entrada, forca, igreja, corrida de argolinhas, carreira do pão, carreira do buião, encontroada, buquê de flor, abraço, ação de cabeça, despedida. A despedida se dá em fileira única, cores intercaladas, com os cavaleiros percorrendo duas vezes os quatro cantos do campo e acenando com um lenço branco. À saída definitiva do campo, o grupo é acompanhado pela banda de música até a casa do Capitão.

CAXAMBU

Dança de terreiro, de origem africana, integra o conjunto das formas de Samba no Brasil, segundo classificação de Édison Carneiro, e é encontrada nas regiões cafeeiras do Estado do Rio de Janeiro. Os participantes podem ser homens ou mulheres que se colocam em roda, sem formação de pares. No centro fica o solista que, improvisando saltos, volteios, passos miúdos e balanceios, puxa a cantoria denominada ponto. O canto é iniciado com pedidos de licença aos parentes mais velhos, presentes e ausentes, aos velhos e famosos caxambuzeiros, santos, autoridades, povo em geral. As letras são tradicionais, entremeadas de improvisações referentes a acontecimentos ou fatos circunstanciais. À medida que a dança evolui, outros participantes passam a ocupar o centro da roda. Basta para isso que chegue à frente dos instrumentos e coloque a mão ou o cotovelo sobre o couro do tambor maior e inicie um novo ponto. Com isso há troca dos solistas e a dança continua como no início. Os ritmos são rápidos, fortes e vigorosos nas batidas dadas nos principais instrumentos acompanhantes: dois tambores feitos de tronco de árvore e cavados a fogo, denominados tambu ou caxambu, o maior, e candongueiro, o menor. Em alguns grupos, costuma aparecer uma grande cuíca, denominada angoma-puíta. Não há calendário fixo para apresentação da dança, porém é mais freqüente no dia 13 de maio ( dia da Abolição e consagrado a São Benedito), que é uma data especial para todos os grupos. Dança-se também nas festas dos santos padroeiros e no mês de junho, junto às fogueiras que, segundo eles, ajudam a esquentar o couro dos tambores. O caxambu é dança que se confunde com o jongo, havendo mesmo alguns dançadores que não fazem distinção entre eles. Temos registro de caxambu nos seguintes municípios: Cambuci, Cantagalo, Itaocara, Prociúncula, Santo Antônio de Pádua, Trajano de Morais e Vassouras.

CIRANDA

Baile popular nascido de três diferentes origens: a dança circular, já existente no Brasil pré-cabralino; as danças sapateadas e enlaçadas, contemporâneas dos imigrantes portugueses; as danças de figurações coletivas, surgidas da quadrilha dos mestres franceses. Obedece a um pequeno esquema: a "abertura", dada pela chiba-cateretê; as "miudezas" (danças de figurações variadas: cana-verde, caranguejo, marrafa, flor-do-mar, canoa, ciranda, limão, etc.) e o "encerramento" com a tonta. Os instrumentos acompanhantes são: viola, cavaquinho, adufos ou pandeiros. Na chiba-cateretê aparece o "Mancado"- caixa de madeira de tamanho médio, batida com dois tamancos calçados nas mãos. Atualmente é na comunidade de pescadores de Tarituba, em Paraty, que os descendentes do Mestre Chiquinho mantêm a tradição.

DANÇA DE VELHOS

Dança de pares soltos, executada com figurantes, homens e mulheres, vestidos como velhos: trajes antigos, bengala, barbas e bigodes de algodão e perucas. A seqüência musical, executada por banda de música, é composta de três partes: marcha, "allegro", fadinho. A coreografia, diversificada em cada uma das partes, fundamenta-se em fileiras opostas que se movimentam para frente e para trás, transformando-se depois em meia-lua, chegando ao círculo completo e ao "garranchê" (« grande chaine »). O acompanhamento musical é feito por um conjunto composto de pistão, saxofone, violão e pandeiro, além das batidas rítmicas dos pés, e das bengalas no chão, nos tempos fortes dos compassos.

FADO

Sob a designação de fado, registram-se no Estado do Rio de Janeiro bailes ou danças populares que se diversificam de acordo com a região. Como baile, o termo designa um conjunto de danças cantadas, na maioria, extintas: andorinha, balão-das-meninas, balão-ligeiro, feijão miúdo, mineira, marreca, tontinha, quindim, mana-joana, mana-chica, extravagança. As duas últimas, embora sem a espontaneidade e o vigor antigos, ainda são encontradas nas zonas rurais mais afastadas dos centros urbanos. Como dança, é desenvolvida por homens e mulheres dispostos em fileiras de pares soltos que se defrontam. Duas violas e um pandeiro fazem o acompanhamento musical, enquanto se desenvolve a coreografia: sapateado dos pares nas fileiras iniciais, evolução por fora e depois por dentro, retorno aos lugares primitivos, troca de pares um a um nas fileiras opostas e balanceio simultâneo dos demais nos seus lugares. Atualmente, temos notícias de um grupo de Fado no município de Quissamã.

GRUPO DE FOLIA DE REIS

Folguedo natalino tradicional no Brasil. Sua peregrinação reproduz a viagem dos Reis Magos a Belém em busca do Deus-Menino. Os grupos compõem-se de "companhias" de doze ou mais foliões, em geral músicos e cantores, aos quais se juntam os palhaços, que representam os soldados de Herodes. Cada grupo adota uma espécie de uniforme militar e seu instrumental é composto de violão, cavaquinho, sanfona, pandeiro, bumbo e caixa. A música, que se chama toada, é de estilo responsorial. Os palhaços, que têm obrigações e proibições específicas, recitam versos tradicionais ou improvisados, as "chulas", que divertem o público. As folias de Reis, comumente, são organizadas por devoção ou pagamento de promessa. A duração da promessa é de sete anos, no mínimo, e a renovação dos votos faz-se sempre no mesmo prazo. No Estado do Rio de Janeiro, o ciclo de apresentação da Folia de Reis, chamado "giro" ou jornada, vai de 24 de dezembro a 20 de janeiro, dividido em duas etapas. A primeira, de 24 a 6 de janeiro, quando cantam em louvor aos Reis Magos. A segunda, de 7 a 20 de janeiro, é dedicada a São Sebastião, reverenciado nas cantigas que entoam. Ao encerrar seu ciclo de apresentação, as folias costumam dar uma festa para agradecer as contribuições recebidas. É a "Festa de Remate", para a qual convidam parentes, amigos e outras folias, que comparecem uniformizadas. A Folia de Reis está presente na maioria dos municípios fluminenses.

GRUPO DE FOLIA DO DIVINO

Grupo religioso formado por músicos que tocam viola, tambor, pandeiro e triângulo, além de um devoto que leva a "Bandeira da Promessa", a folia do Divino visita sítios, fazendas, chácaras e também a sede de municípios, pedindo donativos, angariando prendas para a festa. Os devotos oferecem o que podem ou querem: dinheiro, produtos agrícolas, animais (galinha, pato, peru, cabrito, bezerro, qualquer deles homenageia o santo). Estas dádivas são recolhidas pelo grupo e entregues ao festeiro. A pousada, alimentação e repouso dos bandos religiosos ficam por conta dos colonos que não duvidam da proteção divina que advirá deste ato. Os músicos entoam cânticos especiais referentes às glórias e poderes do homenageado, enquanto pedem bênção para aquela família, "seus familiares, plantas, animais e parentes". A Folia do Divino está presente nas Festas do Divino de Angra dos Reis, Paraty e Saquarema.

JARAGUÁ

Elemento fantástico existente no folclore brasileiro, o Jaraguá é encontrado em várias regiões. No Nordeste tem papel secundário no Bumba-meu-boi, aparecendo em alguns lugares de Pernambuco, Ceará, Maranhão, Alagoas, Rio Grande do Norte. Em São Luís, o Jaraguá é "Onça", em alguns lugares de Pernambuco a cabeça do cavalo, representa o "Babau" e no Amazonas é "Juarauá". Embora hoje se constitua numa figura complementar de um grupo, o Jaraguá talvez tenha sido originalmente um Reisado, um folguedo autônomo, sendo despersonalizado através dos tempos pela força do Boi. O estranho animal dança em passos miúdos, mas de vez em quando investe sobre os assistentes aos saltos, vai de um lado para o outro batendo as queixadas, fingindo morder. É feito de uma caveira ou mandíbula de cavalo, completa, sendo os dois maxilares manobrados por um cordão forte preso a uma mola para que possam abrir e fechar acompanhando o ritmo da música com o entrechocar dos dentes. Essa "cabeça" é presa a um pau comprido e forte que lhe serve de suporte e de pescoço, tão longo quanto seja possível o portador manejar. Um pano colorido, geralmente estampado em corres berrantes, veste-o até ao chão, cobrindo também quem o carrega, havendo uma abertura à altura dos olhos. Não costumam faltar os tradicionais arranjos de flores e longas fitas ou tiras de papel à guisa de cabeleira. O sucesso do Jaraguá é grande, principalmente entre as crianças que têm medo e fogem assustadas com a feia cabeça que bate os dentes. Sua figura, porém, é irresistível e, apesar do temor, seguem-no encantadas entre risos, cantos e gritos nervosos e alegres. No Estado do Rio de Janeiro marca sua presença no carnaval ao lado de boizinhos, mulinhas e dançadores do Mineiro-pau.

JONGO

De origem africana, possivelmente de procedência angolana, é dança de terreiro, da qual participam pessoas de todas as idades e de ambos os sexos. Classificada por Édison Carneiro como uma das formas atuais do batuque, muito se assemelha ao caxambu no ritmo e na coreografia: os participantes, dispostos em círculo, batem palmas e improvisam evoluções que incluem movimentos de tronco. No interior da roda fica o solista ou jongueiro, indivíduo que se revela grande conhecedor de pontos. Nas letras dos pontos reside toda a dificuldade do jongo: espécie de enigma versificado, que emprega figuras de metáfora difíceis de serem decifradas e que o adversário precisa adivinhar para "desatar" ou "desamarrar" o ponto. Os instrumentos usados para acompanhar o Jongo são dois tambores de tamanhos diferentes: tambu, o maior, e candongueiro, o menor. Tal como o caxambu, a apresentação do Jongo não obedece a um calendário fixo. É dançado sempre no dia 13 de maio, festejando o fim do cativeiro e São Benedito, durante o mês de junho e nos dias dos santos padroeiros locais. No Estado do Rio de Janeiro foi dança muito difundida, sendo sua ocorrência observada principalmente na área canavieira exercendo função recreativa para os nossos habitantes do meio rural. Atualmente, há registro de grupos de Jongo nos municípios de Angra dos Reis, Campos dos Goytacazes, Pinheiral,Rio de Janeiro, Rio Claro e Valença.

MANA-CHICA

Criada no seio da planície, entre lagoas e canaviais, sua origem remonta a fins do século XVIII: no Caboio, pequeno agrupamento de casas que margeia a estrada que leva ao Cabo de São Tomé, morava uma mulher apelidada Mana-Chica, sua inventora. De sua vida sabe-se apenas que era alegre, amiga de diversão. Dança em forma de quadrilha que ocorre isoladamente ou como parte de um conjunto de danças chamado fado. Abrange diversos movimentos: o "balancê", o "chemin des dames", a "grande chaine", com sapateado. É acompanhada de canto e de um conjunto instrumental que reúne violas, chocalhos e adufo. Temos registro de um grupo em Campos dos Goytacazes.

MINEIRO-PAU

Dança muito difundida no Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, as vezes denominada Maneiro-pau, é integrada por participantes de ambos os sexos, adultos e crianças. Às mulheres cabe a manutenção da cantoria, pois "têm voz mais firme "pra ajudá a entoá", enquanto aos homens compete a execução de complicada coreografia: cada dançador traz um ou dois bastões de madeira e com eles executa, de modo ágil e harmonioso, a marcação dos tempos do compasso musical. É dança de pares soltos que se defrontam, ora em fileiras opostas, ora num círculo único. O manejo dos bastões (também chamados "paus") feitos de galhos finos, resistentes, e medindo cerca de um metro de comprimento, toma nomes específicos conforme o número e a forma das batidas: túnel, batida de três, batida de quatro, batida cruzada, batida no alto, etc. Os trajes são simples: calça, camisa de manga curta, chapéu de palha e lenço no pescoço. O instrumental que acompanha o grupo é formado por sanfona de oito baixos, bumbo, caixa, triângulo, chocalho e pandeiro. Fazendo parte do gruipo, é comum aparecerem elementos dramáticos: o Boi Pintadinho, a Mulinha, o Jaraguá, o Urubu, o Gavião, o Toureiro. Fazem uma pequena encenação que não chega a constituir uma representação. A Mulinha trota entre a assistência, enquanto seu cavalheiro vai recolhendo ajuda; o Jaraguá, figura fantástica, assusta a criançada com a batida de seus maxilares; o Gavião cata carrapatos no Boi que, durante toda a apresentação, dá marradas e saracoteia no ritmo das músicas, orientado sempre pelo Toureiro. Além do Carnaval, o Mineiro-pau apresenta-se também em outros momentos festivos e nas comemorações familiares, como aniversários, batizados e casamentos. Há registro de grupos em Cambuci, Duas Barras, Itaocara, Itaboraí, Laje do Muriaé, Miracema e Santo Antônio de Pádua.

PASTORINHAS

Auto- pastoril com sucessão de cenas, falas e cantos, as pastorinhas são representadas por jovens e crianças, a maioria do sexo feminino. A mestra e ensaiadora é sempre uma antiga participante de grupo já desaparecido. As pastorinhas saem pelas ruas realizando visitas às casas onde cantam, dançam e dialogam diante do presépio ou de alguma figura sagrada. Fazem referência à vinda do Messias, ao nascimento do Menino-Deus, à viagem dos pastores. Vestidas conforme o gosto e a posse de cada grupo, as personagens principais são: Mestra, Contramestra, Estrela, Anjo, Jardineira, Borboleta, Diana, Peixeira, Açucena, Malmequer, Padeira, Mademoiselle, Baiana, Velhos, Pastoras e Pastores. Temos registro de um grupo em Santo Antônio de Pádua.

QUADRILHA

Originariamente francesa, a Quadrilha faz parte do grupo de danças que freqüentou os salões aristocráticos do Rio de Janeiro no período colonial. Chegou até nós trazida por mestres de danças franceses que faziam parte da missão cultural que acompanhou D. João VI ao Brasil. Inicialmente dançada nos salões da nobreza, ganhou depois a zona rural animando as festas dos grandes proprietários das fazendas de café. Nesse contexto é que se popularizou através dos serviçais da Casa-Grande. Em todo o Brasil, aparece por ocasião das festas juninas, nos clubes, nas escolas, nas quadras e nas festas de rua, com uma visível preocupação de apresentar-se como uma dança caipira. A dança é desenvolvida com inúmeras figurações coreográficas, ordenadas por um "marcador", que vai orientando os movimentos dos dançadores. Conserva algumas denominações e movimentações tradicionais e incorpora criações adaptadas pelos marcadores. No Estado do Rio de Janeiro, atualmente, a Quadrilha vem reconquistando espaço no meio urbano, graças principalmente a movimentos organizados em vários bairros da cidade do Rio de Janeiro e municípios da Região Metropolitana. Nos meses de junho e julho são realizados torneios que apontam os grupos vencedores, por critérios que levam em conta o luxo e a originalidade das roupas usadas por seus integrantes. Há registro de inúmeros grupos de Quadrilha em diversos municípios fluminenses, principalmente na Região Metropolitana.

REIS –DE-CONGO

O Reis de Congo é o resultado da fusão dos festejos ligados à coroação do Rei Congo com o Reisado na sua forma nordestina. A história versa sobre uma festa que será realizada pelo Rei do Congo, "Carijongo". A Rainha Ginga (angolana que viveu no século XVII e defendia a autonomia das nações de Angola) desejosa de comparecer, envia um Embaixador que, mal interpretado, provoca a guerra, pois os partidários do Rei acreditam que a Rainha vem para atacá-los. Entremeiam-se cantos e diálogos, denominados "embaixadas". Os diálogos têm inspiração nas lutas entre mouros e cristãos, com guerra de espadas. Delineam-se elementos da Congada nas "embaixadas" e os elementos do Reisado são encontrados no Boi, Galantes e Vaqueiros. Os personagens do Reis de Congo se dividem em:

Humanos: Mestre, Contramestre, Rei Carijongo, Rainha Ginga, Galantes (dançadores), Damas (homens vestidos de mulher), Pinga-Fogo (vaqueiro), Cravo Branco e Tiziu (ajudantes do vaqueiro).

Animais: Boi (figura indispensável nos Reisados), Cavalo e Urso.

Fantásticos: Jaraguá, Guriabá, Cão( diabo) e Rita (homem fantasiado de alma).Os instrumentos acompanhantes são sanfona, pandeiro, triângulo e zabumba. No Estado do Rio de Janeiro versão potiguar desse Reisado foi trazido pelo mestre Manoel Estevão de Oliveira, nascido em Canquaretama-RN, em 7 de novembro de 1928, onde começou a participar do Reis de Congo aos 16 anos. Residindo em Duque de Caxias, na Região Metropolitana, desde 1954, aqui reorganizou a brincadeira estimulado por um conterrâneo.Com ele conseguiu reunir um grupo de companheiros nordestinos, realizando esse folguedo rico de tradições e beleza.Atualmente, o Reis de Congo é chamado para apresentações em escolas, clubes, e nas praças públicas em datas festivas.

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