O tombamento de diversos trechos do litoral fluminense representa um marco na história da atuação do Inepac, sob a égide da política cultural do então secretário de Estado Darcy Ribeiro. Buscava-se, através do olhar da cultura, reconhecer o valor simbólico e documental dos diferentes ecossistemas naturais e sua íntima relação com a construção da identidade fluminense. Desde o manguezal e a Ilha da Convivência, na foz do Paraíba do Sul, até a Ilha de Trindade a praia do Sono, em Paraty – o tombamento visa impedir a devastação de praias, costões rochosos, restingas, manguezais, ilhas – muitos deles, paisagens que respaldam implantações históricas da pesca artesanal ameaçadas pela especulação imobiliária e pelo turismo predatório.
No município de Paraty abrange a Costa de Trindade, desde a ponta do mesmo nome até a ponta da Fazenda; a enseada do Sono e praia da Ponta do Caju, a enseada do Pouso e Ilha de Itaoca, o Saco e Manguezal de Mamanguá, a enseada de Paraty Mirim e Ilha das Almas; a Praia Grande; a Ilha do Araújo; a Praia de Tarituba.
Na década de 1970, por ocasião da implantação da estrada Rio-Santos (BR-101), que facilitou o acesso, até então difícil, ao Município de Paraty, uma grande modificação na dinâmica de ocupação da região a transformou em alvo da especulação imobiliária e do turismo predatório.
No município de Paraty, o estudo para tombamento delimitou a faixa de 50 metros, para garantia da permanência dos assentamentos remanescentes de grupos de pescadores com sua cultura própria, além de plena e livre utilização da orla marítima para servir de ancoradouro e puxada de redes. Foram também consideradas integrantes da área tombada as ilhas e os dois sacos existentes – Mamanguá e Grande – cujas águas mornas rasas e tranquilas propiciam a desova de peixes, estimulando a piscosidade da baía de Ilha Grande e consequentemente a atividade pesqueira, elos da mesma cadeia ecológica.