A cidade de Angra dos Reis perdeu no segundo quartel do século XX uma grande parte da sua arquitetura urbana tradicional. No início dos anos 80, movimentos comunitários ligados a atividades culturais locais promoveram o reconhecimento do acervo remanescente. Em atendimento ao pedido de 850 moradores, o Inepac realizou os estudos necessários para encaminhar o tombamento de imóveis urbanos e rurais: os prédios da Câmara e da Prefeitura; o Mercado Municipal; dois chafarizes; duas igrejas; três casas de fazenda; um monumento comemorativo e oito casas urbanas. A esse conjunto acrescentou-se, pouco depois, o imponente sobrado que a Prefeitura recuperou para transformar em Casa de Cultura. Alojada no sopé da encosta, de frente para a rodovia, a antiga casa grande foi construída, provavelmente no século XVIII. Apresenta fachada principal relativamente estreita, comparada à sua grande profundidade, à semelhança das implantações urbanas. No entanto, as relações entre cheios e vazios dos panos de fachada, assim como a cobertura em telhacanal disposta em quatro águas e terminando em beiral com beira sebeira, atestam sua procedência rural. Ao lado fica o engenho, bastante modificado, com seus elementos complementares – levada e roda d’água – que integram o tombamento.